8.5.06

27

27.
Há horas em que a minha consciência não me pertence. Não sou seu dono. Sou, sim, seu comandado obediente e subjugado. Quando assim é não sou eu quem por mim age, que por mim se movimenta. Entro num transe seduzido e sem retorno.
É quando a noite se faz ao mundo e se ouvem uivos de lobos mansos ao longe, ecoando na gândara sob o corpo da lua.
Estar vivo, nesses momentos, é não sentir que se vive, é respirar sem consciência disso, é estar sentado diante de uma parede e imaginar o mundo em movimento nela. Estar vivo, então, é ter os olhos fechados e ver perfeitamente. Perfeitamente. Assim como quem olha e vê.
Estar vivo é ser constante como as pedras, móvel como as águas, seguro como as árvores ou as montanhas, e despejar a mente de tudo o resto, em equilíbrio.