8.5.06

24

24.
Há música em todas as coisas suficiente para tornar inútil a música dos homens.
É preferível escutar o vento, a chuva esbatendo-se contra o solo já húmido, formando poças; pingos de chuva, plurais e únicos. O som da água volante, volátil. O som todo.
Para quê guitarras e bandolins?, Para quê o fado, se o fado é o «destino» orgânico dos seres?, Para quê o ritmo -- os tambores -- se o tempo existe fora deles?, se todo o compasso é natural?
Compasso binário!...
Para quê a divisão do tempo, como dividi-lo, se é indivisível? -- porque sem princípio, porque sem fim.
A música dos homens é a imperfeição pura. E tudo o que é imperfeitamente puro não tem remédio... é perfeito na sua incompletude.
À Natureza deve pertencer a tarefa única e sublime da junção inteira e perfeita dos sons.