8.5.06

22

22.
Agora que o calor está do outro lado do mundo já posso acender uma fogueira. Já faz sentido. Se não tivesse sentido acendia-a na mesma. Porque não é preciso ser razoável e acender uma fogueira só porque o acto de a acender tem sentido. O sentido que há nas coisas é aquele que nós quisermos que haja. Se eu abrir uma janela sem ter razão para isso, é-me igual. Para que eu abra a janela basta-me abri-la. Depois entram o vento, o calor, o frio, a neve, a luz, o que seja, sem que isso seja consequência de uma razão qualquer. Se o vento entrar por esta janela aberta e eu sentir frio, não o posso fazer reconsiderar, porque era assim que tinha de acontecer.
Que culpa tem o vento do frio que eu sinta quando abro a janela? Se eu tenho frio é porque assim tinha de ser. E o vento não tem culpa de eu ficar constipado por isso.